sábado, 2 de dezembro de 2017

VOCÊ É UM ANIMAL QUE FILOSOFA

Prof. Douglas Barraqui


Quem somos nós?
De onde viemos?
Para onde vamos?
Qual o sentido da vida?

Parabéns! Se em algum momento de sua vida, como ser vivo pensante, você já se pegou fazendo alguma dessas perguntas, você esteve a filosofar.



Conta-se que Tales de Mileto (623 a.C – 558 a.C) andava observando o céu. Tales tropeçou e caiu em um buraco. Uma escrava da Trácia ficou rindo dele, e o primeiro filósofo adquiriu fama de lunático e distraído. Tales observava o céu e o tempo, a natureza (physis), pois era também astrônomo.

Conforme o relato de Aristóteles (384-322 a.C), na sua obra “A Política”, Tales foi repreendido pelos cidadãos de Mileto por ser pobre. Os cidadãos afirmavam que a filosofia de nada servia e que ele perdia tempo olhando para o céu e meditando sobre a natureza. Tales, contudo, um estudioso dos astros, previu uma grande safra de azeitonas com um ano de antecedência. Arrumou algum capital e alugou por baixo custo todas as prensas de azeite da região. Assim, Com a chegada da safra prevista, os produtores se viram obrigados a alugar de Tales as prensas a um custo bem mais alto. Com esse negócio Tales angariou fortuna, tornou-se um homem rico. Pode-se dizer até que foi um dos primeiros especuladores financeiros da história, além é claro de o “primeiro filósofo”.

Mesmo que Aristóteles tenha dito que “é fácil aos filósofos enriquecer, se desejarem”. Refletir sobre o mundo que o cerca e todos os seus fenômenos não necessariamente vai fazer de você um homem rico, tão pouco um lunático e distraído. Refletir sobre o mundo que o cerca faz de você, antes de qualquer coisa, um filósofo. 

Sim, goste ou não, você é um animal que filosofa. E não há nada de errado nisso. Você apenas está cumprindo e fazendo valer a máxima que te eleva e te destaca em relação aos animais, a racionalidade.

Se você chegar a um cientista e perguntar a ele o que é o homem? Provavelmente ele vai lhe responder que o homem é apenas um animal entre 7,77 milhões de espécies estimadas. Se você fizer a mesma pergunta a um filósofo, ele vai dizer que sim, o homem é um animal entre tantos, mas não é qualquer um animal, é um animal racional.

Postamos-nos a filosofar quando exigimos de nossa mente e do mundo que nos cerca provas e justificativas racionais que validam ou não o mundo que nos cerca, todos os seus fenômenos e o que acreditamos. A nossa racionalidade se faz presente quando:
1)    Argumentamos, debatemos e compreendemos;
2)    Conhecemos as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os dos outros;
3) Respeitamos certas regras de coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido. Deste modo, é possível chegar a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas por outros, também de maneira racional.

Quando penso em nossa capacidade de pensar e perguntar sobre o mundo que nos cerca, me vem a cabeça a obra “O Pensador” (1880), escultura em bronze do francês Auguste Rodin. Retrata um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força interna o pensamento. O trabalho mostra uma figura masculina nua, maior do que o tamanho real de um homem, sentado em uma pedra com o queixo apoiado em uma mão, como se imerso em seus pensamentos. A escultura e é frequentemente utilizado como uma imagem para representar a filosofia: a imagem de um homem perdido em seus pensamentos, mas cujo corpo poderoso sugere uma grande capacidade de ação.

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