domingo, 8 de novembro de 2015

CARLOS MARIGHELLA

Prof. Douglas Barraqui

Ele foi o homem que chegou a ser considerado o inimigo público número um do Regime Militar. Nasceu em Salvador, em 5 de dezembro de 1911. O poeta mulato foi filho de um imigrante italiano, o operário Augusto Marighella e Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos.

Aos 18 anos, Marighella aderiu ao campo das lutas sociais e acabou entrando para o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 1932, aos 21 anos, foi preso pela primeira vez, por escrever e divulgar um poema com críticas ao interventor da Bahia, Juracy Magalhães.

O golpe de 1964, que colocou os militares no poder até 1985, colocou Marighella em um novo campo de combate. Já em maio de 1964 foi baleado e preso num cinema da Tijuca, no Rio de Janeiro. Sobreviveu e foi libertado após 80 dias.

Marighella acabou rompendo com o partido logo após uma viagem à Cuba (foi participar de uma reunião da Organização Latino-Americana de Solidariedade-OLAS) em agosto de 1967. De volta ao Brasil, pelo seu posicionamento radical, foi expulso do PCB e, em seguida, fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN), que preconizava a luta armada.

A ANL passou a efetuar diversas ações de guerrilha no ano de 1968, como assalto a bancos com intuito de angariar fundos para a luta contra o regime.  No dia 4 de setembro de 1969, militantes da ALN e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), sequestraram o embaixador dos Estados Unidos Charles Burke Elbrick, em uma rua do bairro de Botafogo, no Rio. Os militantes exigiam a libertação de 15 presos políticos.

A partir dessa ação Marighella passou a ser apontado como inimigo público número um do Regime Militar. Sua foto estava em Cartazes de "Procurados" que foram espalhados por todo o Brasil. Sua perseguição envolveu uma mega estrutura da polícia política do regime.

Na noite do dia 4 de novembro de 1969, na alameda Casa Branca, em São Paulo, Marighella foi assassinado em uma emboscada preparada pelo extinto DOPS (Departamento de Ordem Pública e Social) de São Paulo. Na ação participaram ao menos 29 agentes da ditadura, comandados pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

A versão oficial da morte de Marighella foi uma das farsas mais longevas fabricadas pelo aparato repressivo de então. Mesmo partidários do veterano militante comunista referendaram falsificações, como o relato de que ele portaria um revólver e teria reagido a abordagem. Na mesma ação o delegado Rubens Tucunduva, que participou da operação acabou ferido com um tiro na perna. Estela Borges Morato, investigadora, acabou gravemente ferida com um tiro na testa, falecendo dias depois. E o protético Friederich Rohmann, que nada tinha com o terrorismo, apenas passava pelo local, acabou perdendo a vida; um inocente entre tantos.

Após 46 anos de sua morte Carlos Marighella ainda é descrito por uns como bandido, até mesmo a historiografia oficial tentou cortá-lo da história oficial. Porém não há como apagar Marighella de uma das maiores tragédias da história desse país. Lutou, a sua maneira é certo, contra a censura, a repressão a violência e a falta de democracia de um dos momentos mais trágicos da história desse país.

REFERÊNCIAS:

JOSÉ, Emiliano. Carlos Marighella - O Inimigo Número Um Da Ditadura Militar. São Paulo: Editora Casa Amarela, 2004.

MAGALHÃES, Mário. Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo.1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.


NÓVOA, Cristiane; NÓVOA, Jorge. Carlos Marighela: o homem por trás do mito. São Paulo: Editora UNESP, 1999.

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