domingo, 29 de abril de 2012

Pergunte ao passado


Prof. Douglas Barraqui

As reflexões sobre a “história” ecoaram durante milênios e continuam até hoje a soar como sons enigmáticos: “quem somos? Para onde vamos? Para que viemos e qual será nosso destino? como obter a salvação? Onde encontrar todas as respostas para todas as perguntas?

“Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. (Inscrição no oráculo de Delfos)

Em tempos remotos o homem buscou as respostas para suas aflições em meio a rituais místicos, solicitou respostas a oráculos, a videntes e a profetas. Era o homem, que sofrendo com a própria ausência, tentava criar uma imagem global, reconhecível e aceitável, de si mesmo. O homem buscou isso quase todo o tempo e  continua por tentar.

Para os gregos a história se repete, o futuro teria os mesmos eventos do passado, e os homens teriam sempre as mesmas pulsações e necessidades. Portanto, os gregos tinham uma visão cíclica da história, repetitiva: nasce, cresce, dá frutos, envelhece e morre.

Os helênicos não se preocupavam com o passado. Acreditavam que o futuro individual já estava traçado podendo até ser antevisto: perguntar o que fazer? e/ou, o que será? Questões que apontam necessariamente para o papel dos oráculos. Entre os teóricos da historiografia é sabido que entre os gregos não há idéia de história universal, não havia ainda sido formulada, sendo esta desenvolvida pelos romanos cristãos.

Na concepção dos romanos, filhos daqueles que mamaram na teta da loba, o futuro passou a ser o centro da história e o fim da história seria a romanização do mundo. É aqui que surge o conceito de história universal aplacada, em amplitude, pelo o que seria a dominação romana sobre o mundo pagão.

Os judeus por sua vez desenvolveram a idéia de história como um caminho linear para a salvação humana. Os romanos cristãos encaravam o futuro como a vitória incontestável de Cristo, e consequentimente de Roma, por fim, o fim do calvário do homem.

O homem renascentista buscava o êxito econômico com a riqueza, o êxito político com o poder, o êxito social com o estatus, a estética com a vaidade e o intelectual com a razão. O mundo medieval abria espaço para um mundo em que o homem estava no centro das coisas, o antropocentrismo.

O ambiente na pós-modernidade é caracterizado pelo individualismo, pelas mudanças aceleradas na ciência e tecnologia que caminham de mãos dadas a fim de dar a respostas e acabar com o sofrimento do homem. Tudo é em tempo real e imediato, demos o nome a isso de globalização. As questões locais tomam relevância e as generalizações tornam-se um perigo eminente a exemplo do etnocentrismo, do imperialismo, do racismo, do xenofobismo e do nacionalismo. As resistências passam a ser concebidas como intolerância, fanatismo e irracionalidade. Surgem novos atores Hitler, Saddam, Bush, Obama, Lula e Dilma. O mundo não pode mais ser visto em uma estrutura maniqueísta de preto e branco, heróis e vilões, vitoriosos e derrotados; aparecem outras cores, vários atores.

Tudo é prazer imediato, não é mais o que você é, mas sim o que você tem. Não é mais o que você planta, mas sim o que você pode destruir e construir a partir da destruição. E as respostas para as aflições humanas? Talvez esta seja a resposta: a constante busca por respostas. 

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