sábado, 22 de agosto de 2015

ENEM - QUESTÕES DE ATUALIDADES - ECONOMIA E POLÍTICA

Prof. Douglas Barraqui

Recentemente tive a oportunidade de dar aula em um projeto social de iniciativa de alguns amigos professores, o Projeto Ser. Pude notar a seriedade dos profissionais envolvidos e o comprometimento dos alunos.

Foi dada a mim a responsabilidade de trabalhar atualidades. Preparei quatro questões: as duas primeiras tratando sobre economia e as duas últimas sobre política. Abaixo seguem as questões por mim elaboradas, gabaritadas e devidamente comentadas.

QUESTÃO 01
Reportagem I
“O mundo não vai continuar crescendo alegremente enquanto os EUA sofrem uma recessão, onde a desaceleração da economia está provocando a desconfiança dos investidores. O abalo tem origem no mercado imobiliário dos EUA, a chamada bolha imobiliária: os americanos estão atrasando ou deixando de pagar a hipoteca da casa própria. Com isso, são afetadas todas as empresas envolvidas nos empréstimos imobiliários. E o calote não é pequeno. Segundo o professor de economia Ricardo Almeida, do Ibmec São Paulo, grande parte do total de empréstimos feitos nos EUA são hipotecas.” (Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL11182-9356,00.html)

Reportagem II
“[...] A crise financeira da Grécia, país de apenas 11 milhões de habitantes, pode ter profundas implicações para a economia mundial e a União Europeia. O déficit no orçamento grego, ou seja, a diferença entre o que o país gasta e o que arrecada, é de 13,6% do PIB, um dos índices mais altos da Europa e quatro vezes acima do tamanho permitido pelas regras da chamada zona do euro.”(Fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/04/100428_entendagrecia_ba.shtml)

Sobre os cenários políticos descritos na reportagem acima, de países diferentes e contextos diferentes, podemos dizer que
a)    A crise econômica na Grécia tem sua origem na crise financeira, a chamada bolha imobiliária, norte americana. Ambas, portanto podem ser tratadas como crise econômica mundial.
b)    Tanto a crise grega quanto a crise imobiliária Norte Americana podem ser tratadas exclusivamente como uma crise de caráter financeiro e que não afetou e nem afetará outros países.
c)    A crise grega está direta e indiretamente relacionada com gastos excessivos que culminaram em uma crise econômica que afeta toda Europa. Ao passo que a crise imobiliária Norte Americana afetou exclusivamente os EUA.
d)    Ambos os casos podem ser comparados a crise de 29 quando uma crise econômica do capitalismo evoluiu para uma crise financeira global, atingindo os países capitalistas.
e)    a bolha imobiliária nos EUA desencadeou uma crise financeira que evoluiu para uma crise econômica mundial. A elevada dívida grega afundou o país em uma crise financeira com potencial risco para uma crise econômica na zona do euro.  

QUESTÃO 02
Os atuais cenários econômicos do Brasil e da Grécia, é bem verdade, são diferentes. Mas os caminhos que esses países estão trilhando para sair da crise são parecidos, pois os países promoveram
a)    cortes de gastos públicos em áreas como saúde, educação e segurança, aumento de impostos e a Grécia, como caso exclusivo, recorreu a empréstimos.
b)    a Intervenção do Estado na economia taxando produtos estrangeiros, injetando dinheiro na economia e nos bancos.
c)    a Desaceleração da economia e recorreram a empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
d)    incentivos fiscais e criação de empregos com obras públicas a fim de reaquecer a economia interna.
e)    Cortes de gastos orçamentários como ministérios e salários de políticos a fim de poupar dinheiro para superar a crise financeira que ameaça vários outros países.

DISCUSSÃO DAS QUESTÕES 1 E 2:
A palavra economia vem do grego “oikos” (casa) e “nomos” (leis, costumes). Economia, portanto, seria o modo (regras) de como uma família administra uma casa. Em uma definição mais técnica, seria “a ciência que estuda os fenômenos relacionados com a obtenção e a utilização dos recursos materiais necessários ao bem-estar”.

Porém, só entenderemos economia se compreendermos que ela está inserida em um modo de produção denominado CAPITALISMO. A economia no sistema capitalista funciona com base no tripé: AGRICULTURA, COMÉRCIO e INDÚSTRIA. Temos que entender, também, que a economia no sistema capitalista pode ser de dois tipos:

1)    ECONOMIA DE SUBSISTÊNCIA: sem excedentes, voltada para o consumo próprio e organizada em torno da produção familiar e/ou tribal.

2)   ECONOMIA DE MERCADO: produz excedente que é destinado para o comércio, geralmente exportação e é organizado em torno de grandes empresas, aglomerados industriais e bancos.

Na economia de subsistência ocorrem as crises. Para responder as questões de número 01 e 02 temos que entender os três tipos de crises que acontecem nesse tipo de economia (segue abaixo definições bem didáticas que podem ser encontradas em qualquer manual de economia):

1)    CRISE FINANCEIRA: decorrente do aumento das despesas (gastos) e diminuição da arrecadação (impostos).  Resumindo é quando os gastos superam a arrecadação. As principais medidas adotadas pelos governos para superar uma crise financeira são: cortes de gastos públicas (áreas como saúde, educação, segurança), aumento dos impostos e mesmo recorrer a empréstimos financeiros. As medidas para tentar solucionar a crise financeira, se não forem equilibradas, podem desencadear uma crise inflacionária.

2)   CRISE INFLACIONÁRIA: É quando os preços nas prateleiras dos supermercados sobem descontroladamente. Por exemplo: digamos que como medida para solucionar a crise financeira o governo tenha aumentado impostos sobre a energia e sobre os combustíveis. Em países como o Brasil, em que há uma grande dependência e demanda por energia elétrica e pelo transporte rodoviário para escoar a produção, essa medida pode significar em aumento do preço, uma vez que esses produtos dependem de energia elétrica para serem produzidos e veículos para serem transportados. Os industriais e as transportadoras terão que aumentar seus lucros para compensar os gastos e no final quem paga a conta é o consumidor, pois esse valor vai chegar ao produto final na prateleira dos supermercados. Tanto a crise financeira, quanto a crise inflacionária podem desencadear uma crise econômica.

3)   CRISE ECONOMICA: o país entra em recessão econômica. Não há expectativas de crescimento e um grave déficit na balança comercial.  Uma crise econômica direta e indiretamente afeta outros países.

Agora vamos a uma análise histórica para conseguirmos responder a nossa questão:

Crise de 29 – o crash da bolsa de valores de Nova York desencadeou uma das maiores crises da história do sistema capitalista. Basicamente a crise foi ocasionada pela super produção. Após a Primeira Guerra (1914-1918) os EUA ascenderam como grande potencia econômica mundial. Exportaram para o mundo o self-made-man (homem de negócios/empreendedor) e o American Way of Life (“modo de vida americano” pautado pelo consumismo). Ficaram igualmente responsáveis pela reconstrução da Europa que teve seus principais cidades e parques industriais devastados pela guerra. As indústrias Norte Americanas trabalhavam a todo vapor e forneciam para a economia européia matéria prima e produtos industrializados. O parque industrial e as grandes cidades européias foram reerguidas, e o mercado europeu foi gradativamente diminuído as exigências dos produtos importados dos EUA. O governo norte americano não interveio na economia e o resultado foi uma crise de super produção que se transformou em uma grande crise econômica mundial. Franklin Delano Roosevelt, presidente dos EUA, adotou algumas medidas para superar a crise. O pacote de medidas foi intitulado New Deal (novo acordo): marcado pela intervenção do Estado na economia, as principais medidas foram a criação de empregos em obras públicas, aumento dos salários, compra e queima da produção entre outras, o que tirou o capitalismo da crise.

Bolha imobiliária de 2008: a origem dessa crise financeira que evoluiu para uma crise econômica está no setor imobiliário dos EUA. Na segunda metade da década de 1990 os EUA passavam por uma desaceleração da sua economia. Para resolver o problema o governo injetou dinheiro e incentivou o setor imobiliário. Com juros muito baixos e possibilidade de resgate da valorização do imóvel através de hipotecas, o setor aqueceu a economia. O norte americano comprava uma casa por 200 mil dólares e no ano seguinte, devido à valorização do imóvel, a mesma casa estava valendo 230 mil dólares. A pessoa corria até o banco, refinanciava a casa e embolsava os 30 mil. Esse efeito, como uma bolha, aconteceu por alguns anos. Porém em 11 de setembro de 2001 ocorrem os atentados terroristas. A política norte americana, bem como a economia, tomaram novos rumos. Os gastos com segurança interna e com manutenção de tropas em países como Afeganistão e Iraque forçaram a subida dos juros e desestabilizaram o mercado. Com os juros altos, o norte americano se viu na situação de não poder pagar as hipotecas. Resultado foi o calote generalizado. Os bancos faliram, setor imobiliário foi à bancarrota, construtoras quebraram. A crise atingiu outros países.

A crise grega de 2015 – a crise na Grécia é muito simples de ser entendida: a Grécia deve muito dinheiro. A dívida grega está por volta de 300 bilhões de euros, aproximadamente 700 bilhões de reais. Para superar a crise a Grécia fez mais divida. Recorreu a empréstimos ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e aos países da zona do Euro. Foi preparado um pacote de empréstimos de 110 bilhões de euros por 3 anos. Em contra partida, os credores exigem uma política de austeridade (cortes de gastos públicos e aumento de impostos). A população grega foi contra política de austeridade e demonstrou sua insatisfação através de um plebiscito realizado no último dia 5 de julho deste ano.

A crise financeira da Grécia oferece um risco em potencial a outros países da zona do euro. Se a Grécia der calote os bancos que emprestaram dinheiro a Grécia irão falir. Para sobreviverem esses bancos terão que aumentar as taxas de juros o que afetará outros países da zona do euro que também se encontram com elevadas dívidas públicas. Essa condição conjuntural econômica vai arrastar outros países para a mesma situação da Grécia, havendo um risco na dissolução da EU (União Européia).

Gabarito - questão 01 – letra E:
A bolha imobiliária nos EUA desencadeou uma crise financeira que evoluiu para uma crise econômica mundial. A elevada dívida grega afundou o país em uma crise financeira com potencial risco para uma crise econômica na zona do euro.  Para responder essa questão o aluno tem que entender a diferença entre crise financeira e crise econômica.

Gabarito - questão 02 – letra A:
De fato para superar a crise o governo atual optou por “cortes de gastos públicos em áreas como saúde, educação e segurança, aumento de impostos e a Grécia, como caso exclusivo, recorreu a empréstimos.

 QUESTÃO 03
Observe a manchete abaixo:


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/11/1550471-nao-se-faz-obra-publica-no-brasil-sem-acerto-diz-advogado-de-lobista.shtml
Sobre a corrupção, no caso dos últimos escândalos no Brasil, apontamos para uma questão envolvendo a ética e a moral dos nossos governantes. Sobre isso podemos afirmar que
a)    o advogado está sendo moralista ao fazer uma afirmação que coloca a prova o comportamento dos políticos brasileiros de maneira generalizada.
b)    os políticos são imorais, pois aceitam propina, porém são éticos pois, todos aceitam propinas para fazer obras públicas.
c)    a moral incutida nessa reportagem é construída a parti do coletivo enquanto a ética é construída a partir do individual.
d)    os “acertos” são formas de fazer a manutenção da ética e da moral nas aditividades públicas.
e)    por aceitarem ou cobrarem propinas os políticos, representantes do povo, são antiéticos em seu modo social de agir e são imorais em seu modo pessoal de agir.

DISCUSSÃO DA QUESTÃO – 3

A palavra política vem do grego “polis” (Cidade-Estado) e “tikos” (bem comum). Quando falamos em política falamos em uma relação de poder. Poder que emanar do povo. E qual seria o problema da política? Alguns responderiam que são os políticos, todos corruptos. Outros dirão que é o povo, afinal os nossos políticos são reflexo do povo que os elege.

De fato os homens que fazem a nossa política, ditos nossos representantes, são suscetíveis a corrupção. Podemos dizer que um político ou uma pessoa é corrupto quando adota uma postura antiética e imoral.

a)    Ética – do grego “êthos” (caráter): como você se comporta em meio a sociedade que você vive, o modo como agimos em sociedade.  A ética e fundamenta em normas e regras sociais e construída a partir do coletivo.
b)   Moral – do latim “mores” (costumes/valores): modo pessoal de agir, com base em normas e regras pessoais. Construída a partir do individual. A moral fundamenta a ética.
Para saber mais sobre ética e moral leia mais em FILOSOFIA- AULA 04 - ÉTICA E MORAL.

Gabarito - questão 03 – letra E
Por aceitarem ou cobrarem propinas os políticos, representantes do povo, são antiéticos em seu modo social de agir e são imorais em seu modo pessoal de agir.

QUESTÃO 04
A aprovação do Projeto de Lei Ficha Limpa, no Senado, ocorrida no dia 19 de maio de 2010, foi considerada um avanço na política brasileira, no sentido de criar mecanismos para combater a corrupção no país. (Fonte: http://educacao.uol.com.br/atualidades, 28.05.2010)
Sobre essa Lei, pode-se afirmar que
a)    foi um projeto de lei apresentado pela iniciativa popular, contendo assinaturas de mais de 1 milhão de brasileiros e que passou a ser aplicada nas eleições municipais de 2012.
b)    a lei torna para sempre inelegível um candidato que tiver o mandato cassado, renunciar para evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado.
c)    impede a candidatura de políticos suspeitos de terem praticado crimes de corrupção ativa ou passiva e crimes de tráfico de influência.
d)    a lei ainda não entrou em vigor, pois, ainda carece de aprovação no Supremo Tribunal Federal.
e)    a lei foi obstaculada no congresso nacional, não aprovada, o projeto da Ficha Limpa acabou engavetado.

DISCUSSÃO DA QUESTÃO – 4
A Lei da Ficha limpa, Lei Complementar nº. 135 de 2010, foi fruto da iniciativa popular idealizado pelo juiz Márlon Reis entre outros juristas que reuniu cerca de 1,6 milhão de assinaturas com o objetivo de aumentar a idoneidade dos candidatos.

A lei torna inelegível por oito anos um candidato que tiver o mandato cassado, renunciar para evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado (com mais de um juiz), mesmo que ainda exista a possibilidade de recursos.

Em fevereiro de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a lei constitucional e válida para as eleições municipais do mesmo ano.

Gabarito - questão 04 – letra A

“Foi um projeto de lei apresentado pela iniciativa popular, contendo assinaturas de mais de 1 milhão de brasileiros e que passou a ser aplicada nas eleições municipais de 2012”.