sexta-feira, 8 de março de 2013

Em Christopher Hill: A Revolução Inglesa de 1640


Por Douglas Barraqui

A guerra evoluiu tornando-se mais abrangente e violenta. E em julho de 1644, na batalha de Marston Moor o exército parlamentar tem uma importante vitória sobre o exército do rei. Oliver Cromwell se destaca como líder militar. No segundo semestre desse mesmo ano, porém, o exército do parlamento acumulou derrotas, e o próprio Cromwell culpa as derrotas seguidas ao mau comando das tropas – de fato o comando dos exércitos de ambos os lados era feito por nobres; e que para alguns especialistas o exército de Carlos I tinha um pouco mais de experiência e traquejo militar do que as tropas parlamentares.

Assim uma reforma era indispensável para que o parlamento conseguisse mudar o cenário do conflito. Em novembro o parlamento começa fomentar, uma reformulação dos comandos, oficialatos, sistema de escolhas e captação de recursos.  Em março de 1645 através do “ato de abnegação” surge o “exército de novo tipo”: Para Christopher Hill tratava-se de uma manobra de Cromwell para retirar a nobreza do alto comando do exército e que, embora, ele mesmo fosse um nobre e que os novos comandantes não deveriam ter funções parlamentares, Cromwell manteve seu posto, fato que em grande medida foi pela sua habilidade militar.

Esse novo exército possuía uma moral militar inteiramente nova por possuir soldados de extratos mais baixos, como da gentry e homens de condição média, e pelo fato de que as promoções militares seguiam critérios de meritocracia.

Em 1646 após a derrota na batalha de Naseby, Carlos I se rende aos súditos escoceses que acabam o entregando ao parlamento. Para Christopher Hill, “as lutas do parlamento foram ganhas devido à disciplina, unidade e elevada consciência política das massas organizadas no exército de novo tipo”.

O parlamento passa a negociar com Carlos I – não era, nesse momento, perspectiva do parlamento fazer a cabeça de Carlos rolar. O rei acaba acatando e aceitando o presbiterianismo como religião oficial por três anos e o controle das milícias por dez anos. A partir de então o parlamento passa a desmobilizar o exército, porém não efetua o pagamento do soldo e ameaça o oficialato de prisões por abusos cometidos durante a guerra. Dentro do exército as lideranças de baixa patente vão protestar e enfrentar o parlamento; esses “agitadores”, como foram chamados, ficariam conhecidos como levellers (niveladores), tratava-se de um movimento civil de base popular no seio de exército. Dentre os seus líderes estava Joh Lilburn.

Em meio a esses acontecimentos o parlamento passou por transformações com a saída dos partidários do rei e a formação de dois partidos: os presbiterianos e os independentes.

Os presbiterianos defendiam uma igreja presbiteriana, uma “paz negociável e de uma guerra defensiva”. Os independentes, puritanos, defendiam uma igreja anglicana, porém, sem a influência do papismo e da hierarquização do catolicismo.

Uma assembléia composta majoritariamente de presbiterianos foi criada pelo parlamento para definir a religião inglesa. Foi definido que a Inglaterra teria como religião oficial o presbiterianismo, purificado de seus elementos católicos e semelhante à igreja escocesa.

Henry Ireton, genro de Cromwell  e uma das lideranças dos independentes, elabora um documento destacando itens a serem negociados com Carlos I, dentre esses itens: deveria haver uma  tolerância religiosa e que o governo da Inglaterra deveria ser composto pela Gentry e a nobreza.

O documento chocou o interesse dos niveladores ao passo que estes pretendiam uma ampliação da democracia no direito de votar, a chamada ampliação da “franchise”. Os niveladores então produzem um documento intitulado de “acordo do povo” definindo que todos são livres pelo nascimento e defendendo o direito ao voto.

O cenário político-religioso nesse momento era o seguinte: Carlos I defendia uma igreja episcopal; os presbiterianos clamavam por uma igreja uniforme, nacional aos moldes da igreja escocesa; os independentes, puritanos, defendiam uma igreja descentralizada, anglicana, aos moldes da igreja calvinista sem a influência do papismo e da hierarquização do catolicismo; e ainda existia a tendência de sectários variavam seu posicionamento teológico, eram seitas que haviam proliferado durante a guerra civil.

O outro pólo de poder era o exército, composto de milícias após ser remodelado em 1645. Quando em 1647 houve a tentativa de desmobilizar as tropas o mesmo vai entrar em ebulição e se dividir em dois grupos: os “Grandges” que eram homens de alta patente e os “agitadores”, lideranças de baixa patente composto principalmente da gentry e de homens de condições média, são os niveladores.

No fim das contas os independentes não conseguem um acordo com Carlos I. Final de 1647 Carlos I foge da custódia do exército e em 1648 a Guerra Civil é retomada. As forças de Carlos I não conseguem vencer as tropas parlamentares. Na batalha de Prestor, novamente, brilhou a liderança de Oliver Cromwell. Carlos I novamente é feito prisioneiro. E em novembro de 1648 os independentes, mais radicais que já falavam em República, passam a levantar essa bandeira com mais fervor. Em dezembro de 1648 os presbiterianos são expurgados do parlamento e em janeiro de 1649, após ser julgado e condenado Carlos I é executado por crimes contra o povo.

Sem o rei pela primeira vez em sua história a Inglaterra passa por um interregno republicano, a chamada “Comowellf Republic”. O movimento dos niveladores teve suas principais lideranças cooptadas e acabou sendo desarticulado; os bispos perderam sua influência política e a câmara dos lords foi desarticulada. Tratava-se, portanto, de uma mudança profunda na política inglesa, em certo grau radical.

Havia ainda um problema a ser enfrentado pelo novo regime: os inimigos escoceses e a Rebelião Irlandesa. Agosto de 1649 as tropas de Cromwell desembarcam na Irlanda. Uma forte repressão foi feita sobre os católicos irlandeses, confiscou terras e as entregou aos protestantes – o que vai ocasionar problemas que repercutem nos dias de hoje com a querela entre Irlanda do Norte e Irlanda do Sul. No ano seguinte a Irlanda estava pacificada e dominada pela Inglaterra. Na Escócia não foi diferente, Cromwell enfrenta uma nova rebelião: príncipe Carlos, filho de Carlos I, foi proclamado rei, porem, acabou sendo vencido. 


Do ponto de vista político de 1649 à 1653 o exército passou a ser o centro do poder e o parlamento subordinado ao mesmo. Em 1653 um novo parlamento é eleito, mais radical, acabou dissolvido por Cromwell. No ano de 1658 Cromwell morre, seu filho Richard Cromwell ocupa seu lugar.

REFERÊNCIA

HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. IN: Fundo político da revolução inglesa. Lisboa: Ed. Presença, 1985. p. 49-77

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse texto é muito difícil!!! Obrigada por tentarem ajudar a gente a pelo menos saber do que se trata!