sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Gladiadores de ontem e de hoje

Por Douglas Barraqui

Introdução

Provavelmente você já deve ter visto uma luta de boxe televisionada, ou uma luta de MMA (Mixed Martial Arts), mais conhecido como “vale tudo”. Agora você já viu uma luta entre gladiadores romanos? a não ser em filme, certamente que não. Os jogos romanos sobrevivem até os dias de hoje, como uma nova roupagem e certo, mas ainda desperta em seus espectadores o mesmo interesse de tempos romanos.

Arenas lotadas, estádios lotados: passaram mais de dois mil anos e o prazer por assistir o combate “homem a homem” continua perpetuado na sociedade moderna. A ética cristã, não foi capaz de mudá-lo e hoje o MMA é um dos esportes que mais cresce em todo o mundo gerando lucros exorbitantes.  Meu caro leitor, o que se segue é um breve capítulo da história que não passa, meu artigo tem por objetivo traçar um breve panorama entre os gladiadores de ontem e os gladiadores de hoje.

Origem

Foi entre os romanos que os combates entre gladiadores se popularizaram, tendo seu auge por volta do século II a.C. e V d.C. Todavia, os combates homem a homem eram bem mais antigos do que se pensa. Foram os etruscos, povo que habitou o norte da península Itálica, que costumizaram a luta entre servo e escravo como um ritual fúnebre com a finalidade de homenagear o morto. É bem certo dizer que os etruscos acabariam por influenciar a cultura romana.

Seria em 264 a.C. realizado o primeiro combate público quando os irmãos Décimo Bruto e Marcus promoveram um combate com três duplas para homenagear o pai falecido. Um século se passou e, também para homenagear a morte de seu pai, o general Tito Flavio promoveu um torneio com 74 gladiadores que duraram três dias.

Os romanos conheceram a República e os jogos perderam seu caráter fúnebre. Agora o Estado romano financiava os combates. 105 a.C. os Cônsules Rutilo Rufo e Caio Mamilo, realizaram os primeiros jogos sob a tutela do Estado. À população os jogos agradaram e os espectadores cresceram a cada evento. Em 44 a.C. Julio César organizou evento com 300 pares de lutadores. No Império, Trajano colocaria frente a frente 5 mil gladiadores em um evento que durou 117 dias sob os olhos e a ovacionação de espectadores que lotavam as arenas.

Os jogos foram proibidos por Constantino (306-337), todavia a relatos de combates até o governo do imperador Honório (395-423). O fato é que o público existia e era fanático por aquilo, alguns historiadores comparam o fanatismo pelo futebol na atualidade ao fanatismo pela luta entre gladiadores em Roma.

Os lutadores de ontem

Diferentemente do que muitos pensam quem lutava nas arenas romanas não era somente escravo. Os chamados homens livres também se enfrentavam, bem como alguns criminosos.

Em seu grande número os escravos que combatiam eram decorrente de guerras, alugados por seus senhores para promover o espetáculo. Sendo escravos, portanto, esses homens não tinham muitas escolhas a não ser lutar e ser um campeão nas arenas. O que  poderia significar conquistar da tão sonhada espada de madeira chamada de  rudiarii, ou seja era a conquista da liberdade.

Durante o período da República romana foi muito comum o enfrentamento de homens livres, chegando a metade dos gladiadores sendo formados por eles. O mais famoso deles talvez tenha sido o grande campeão Públio Ostório que na cidade de Pompéia fez 51 combates.

Mas o que levava homens livres a se submeterem ao fio da espada? Bem, apesar de toda a insalubridade da vida de um gladiador a fama e a admiração do público, principalmente feminino, faziam do gladiador um herói. E esse apreço feminino gerou várias histórias: Eppia, mulher de um senador romano, fugiu para o Egito com um gladiador isso quem nos confirma são os registros do poeta Juvenal. Cômodo, filho de Marco Aurelho e Faustina, era de fato fruto de uma paixão dela com um gladiador.

O fato é que os combates entre homens, e entre homens e feras era muito bem quisto entre os romanos.

Os gladiadores hoje 


Os tempos mudaram e hoje nos assistimos lutas entre homens, sem regras ou com um limite mínimo, televisionadas é o Mixed Martial Arts (mistura de artes marciais). Poucos sabem, mas o Mixed Martial Arts, que já foi conhecido como “Vale Tudo”, é uma invenção brasileira  legado da família Gracie (criadores do Jiu-jitsu brasileiro), cujo seus membros nos anos de 1950 e 1960, desafiavam praticantes de outras categorias marciais para combates que valia tudo mesmo. 

Em 1993, a família Gracie  levou o evento para os EUA que foi batizado de Ultimate Fighting Championship (UFC). O campeão seria aquele que vencesse o torneio de caráter eliminatório entre oito homens praticantes de qualquer luta marcial. O esporte se difundiu e devido às barbáries assistidas teve que se impor algumas regras.
Antônio Rodrigo Nogueira

O UFC foi comprado pela empresa de cassinos norte-americana Zuffa, que pertencia aos irmãos Frank e Lorenzo Fertitta. A Zuffa investiu pesado nos eventos e transformou em espetáculos televisionados. Os atletas foram divididos em categorias, foram realizados eventos em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, foram criados jogos de vídeo game, brinquedos, em fim, em tudo se lucrava. Um esporte que gera divisas volumosas nas bolsas de apostas, e é o  que mais cresce no mundo hoje. 

Os lutadores tem prestigio e fama estando os brasileiros entre os melhores nas diversas categorias como Anderson Silva, “the Spiderman”, Atual campeão do cinturão dos Medios do UFC; Mauricio Milani Rua, o “Shogun”; José Aldo da Silva Oliveira Júnior, Atual campeão dos Peso Pena do UFC, temos ainda nomes lendários que fizeram história e fama como Antônio Rodrigo Nogueira, o “Minotauro” e o Wanderlei Silva. Os dois brasileiros juntamente com o croata Mirko "Cro Cop" Filipović foram os homens mais perigosos das arenas durante vários anos.

Fedor
Mas o maior de todos os tempos para vários especialistas em MMA é o russo Fedor Vladimirovich Emelianenko "The Last Emperor". O último imperador como é chamado pelos fãs pode ser comparado ao grande campeão romano Públio Ostório. 

Conclusão

O MMA é um dos esportes que mais cresce em todo mundo. Uma contradição em meio a uma sociedade ocidental pautada pela ética cristã que condena a violência. Os gladiadores de hoje, bem como os de ontem, tem fama e prestigio sendo ovacionados por multidões quando entram nas arenas octogonais cercadas por arame. No passado as lutas tinham uma função política, fazendo parte do "panis et circenses" e acabavam, geralmente, com a morte do perdedor; os gladiadores lutavam por suas vidas, pela liberdade. Os combates de hoje estão inseridos na ótica capitalista de lucrar; não se luta pela liberdade ou pela vida, se luta por dinheiro e o evento é formidavelmente lucrativo e felizmente não mais acaba em mortes. É a história que se repete ou o passado que teima em não passar?



Bibliografia:

FERREIRA, Olavo Leonel. Visita à Roma Antiga. São Paulo: Moderna, 1993 História em Revista: impérios em ascensão (400 a.C. – 200 d.C.). 3.ed. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1993. p.65.

ZANCHETTA, Maria Inês. Os que vão morrer. Superinteressante. São Paulo, nº10, ano 10, out. 1988.

GRECCO, Dante. Por que lutavam os gladiadores. Galileu. Rio de Janeiro, nº108, ano 9, jul. 2000

Ultimate Fighting Championship (UFC). Disponível em: http://br.ufc.com/. Acesso em 21 de janeiro de 2011.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Para que serve a história: um exercício prático

Por Douglas Barraqui

Meus alunos e até mesmo alguns amigos me perguntam: por que é que se estuda o passado? Afinal de contas o passado passou é imutável; e eu respondo: por causa do presente. Mas, como isso funciona? Faremos um exercício prático para isso e primeiro preciso que você, meu caro leitor, assista o vídeo abaixo:


A caça as bruxas é um tema badalado nos estudos históricos, todavia é frequente da Idade Média e quando nos deparamos com as “crianças bruxas na África” em pleno século XXI o que devemos fazer? Aqui podemos recorrer a Marc Léopold Benjamim Block quando ele defende que problema é algo que acontece no campo da realidade, que nos incomoda, que nos estimula a buscar explicações, problemas são /estão no presente. A capacidade de analisar os fenômenos complexos da realidade a partir da sua complexidade é justamente o que distingui a História de outras disciplinas. O que acontece é que os historiadores são descompromissados com o presente. Por isso é que as pessoas se perguntam: para que serve a História?

O tema as “crianças bruxas na África” é motivo de debate para a mídia, para os direitos humanos, governos e especialista acadêmicos (os intelectuais). E como a história poderia estudar esse tema? Vejamos: a mídia, como é muito comum, transforma a notícia em espetáculo com uma postura moralista em seu fundo; acabam condenando os pastores neopentecostais (vistos nos vídeos acusando as crianças de serem bruxas) de agirem de má-fé, visando o enriquecimento particular; e o moralismo midiático nos ajuda a conceber um fenômeno complexo do presente. Resumindo a imprensa cumpre seu papel de informar, chamando nossa atenção para um problema atual. Os grupos em sua grande maioria ONGs ligadas aos direitos humanos são levados pela emergência da situação e muitas das vezes não questionam a crença em questão. A postura dos governos e a de condenação, todavia, estamos falando de África e de países que sobrevivem precariamente com a falta de recursos.

Agora se formos fazer uma analise intelectual em toda a complexidade da historicidade do caso em questão teríamos que sim fazer uma analise histórica. Pois bem: a áfrica conheceu o cristianismo a partir das cruzadas do século XI, XII e XIII que levaram consigo a cruz e a espada pela África setentrional, mas de forma mais ampla, principalmente nas regiões que correspondiam ao antigo Reino do Congo, a introdução do cristianismo ocorreu a partir do século XVI. Entre as religiões do Reino do Congo, principalmente na cosmologia barongo, era comum crianças receberem espíritos benignos para fazer o bem para suas famílias.

Pesquisando mais sobre o caso descobrimos que até pouco tempo as acusações de bruxarias para com as crianças se mantinha no seio da família, geralmente em segredo. Mais recentemente que o tema tomou ares mais problemáticos atingindo a estrutura familiar e ferindo os direitos humanos.

Então temos um problema recente, um fenômeno recente. Alguns esperavam, e até mesmo chegaram a acreditar, que com a modernidade a feitiçaria iria desaparecer. Isso não aconteceu. Pois bem, como historiador apresento uma hipótese, para explicar o fenômeno das “crianças bruxas na África”: fazendo uma análise econômica percebemos que a partir dos processos de independência, os países africanos promoveram aberturas a modernização e ao processo de globalização. Tudo foi muito rápido, concentração de renda e desemprego, não deu tempo para os essas nações se prepararem estruturalmente.

Politicamente vários países africanos estiveram por anos imersos em guerra civil que produziu mortos, mutilados e crianças órfãs.

Em termos religiosos houve crescimento das Igrejas Pentecostais e em caráter familiar, a desestruturação da família por fatores mais gerais acaba levando pais e parentes a acusarem as crianças de bruxaria. As igrejas entram na sequência trazendo a suposta cura e ao mesmo tempo alimentando essa crença.

O que proponho então é a seguinte explicação: o desenvolvimento do capitalismo em sua fase neoliberal atingiu alguns países africanos, assolados por anos de exploração colonial e guerras civis, de modo a afetar suas organizações sociais. Sem recursos para as áreas de assistência social como emprego, educação, saúde, segurança entre outros, esses países assistem a desestruturação da organização familiar que buscam refugio no apego religioso. Entram em sena as Igrejas Pentecostais atuando alimentando a crença e em muitos casos extorquindo o pouco que essas pessoas têm. As “crianças bruxas na África” são na verdade só uma parte da desgraça social que recai sobre diversos países daquele continente no contexto pós-colonialismo.

Concluindo: essa é “a explicação”? certamente que não é a única. É claro que a intervenção da História neste problema não vai resolvê-lo. Mas, não pode se negar que ajuda a discutir melhor a relação entre os fatores e sua temporalidade. Fenômenos complexos como o caso das “crianças bruxas na África” exigem abordagens múltiplas para assim encontrar qual o melhor diálogo que pode ser estabelecido entre os diversos atores (família, lideres religiosos e autoridades). O que eu quis mostrar e que sim, a História pode contribuir com as problemáticas do presente, todavia a maioria dos historiadores não se interessam pelo presente. Devemos lembrar que a história é o estudo do homem no tempo, mas quem estuda essa homem está aqui no presente.

Referencias Bibliográficas:

OLIVER, Roland Anthony. A experiência africana: da pré-história aos dias atuais. Rio de Janeiro: J. Zahar, c1994. 313p.

SARAIVA, José Flávio Sombra. Formação da África contemporânea. 3. ed. - São Paulo: Atual, c1990. 66p.

PEREIRA, André Ricardo Valle Vasco. Descompromisso do historiador com o presente. Palestra pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Semana da História. Novembro de 2010.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A “ciência” de Hitler: por um bem maior

Por Douglas Barraqui

INTRODUÇÃO

"A ciência se compõe de erros que, por sua vez, são os passos até a verdade."  (Julio Verne) "

Se formos pensar sobre a ótica da ética, a ciência produzida na Alemanha nazista de Hitler foi um show de monstruosidade que de nada perde para os filmes de terror hollywoodianos, repugnante aos olhos de uns, grotesco a de outros.

Os relatos e registros dos experimentos mostram que causaram dor, humilhação e mortes terríveis às pessoas. Alguns lembram somente dos judeus, mas houveram ainda os ciganos, homossexuais, anões, negros, portadores de necessidades físicas e mentais e tantos outros tidos como raça inferior ou inimigos do regime.

Quem eram os responsáveis por essas ditas “pesquisas”? Alguns os chamam de sádicos, mas eles se declaravam como cientistas e é certo que leigos não eram. Muitos dos “doutores de Hitler” se formaram nas academias mais tradicionais do mundo e, podemos dizer com exatidão, antes de o nazismo chegar ao poder na Alemanha, este país já era uma liderança em inovações científicas.

O fato é que a ciência desumana de Hitler deixou um extenso legado, que recentemente vem sendo trazido à luz por novas pesquisas historiográficas. Quais seriam as heranças de “pesquisas” que ceifaram vidas humanas em nome de uma dita ciência? O que foi e o que houve com a ciência sob a égida do nazismo? São essas algumas das perguntas que pretendo responder nas linhas que se seguem meu caro leitor.
                                                                                                    
Hitler e o entusiasmo pela ciência

"Após a guerra, a elite científica levou o país à liderança nos ramos de balística, química, aviação e construção de foguetes." (Helmut Maier, pesquisador do Instituto Max Planck)

Adolf Hitler foi veterano da Primeira Guerra. Em combate foi ferido por gás que lhe causou cegueira temporária. Conheceu na pele o poder da ciência aplicada no poder bélico. Ao alcançar o poder não mediu esforços e fez da ciência um dos sustentáculos da “nova Alemanha”.

Havia um problema: Hitler era um leigo, admirava a ciência, mas sabia pouco dela: "Hitler não era devidamente instruído em ciência. Ele apenas seguia seu instinto, seu feeling", diz o historiador alemão Joachim Fest, um dos mais importantes biógrafos do líder nazista.

No alto de seu egocentrismo Hitler se considerava um cientista de vanguarda, sendo um entusiasta quanto à teoria da “higiene racial”, uma teoria científica que defendia a eliminação dos genes não arianos do povo alemão. É claro que não podemos nos esquecer que Hitler não era alemão, mas sim austríaco.

"O povo alemão é um só corpo, mas a sua integridade está ameaçada. Para manter a saúde do povo, é preciso curar o corpo infestado de parasitas". Em seu livro intitulado Mein Kampf  (traduzido para o português como Minha Luta), de 1925, Hitler lançou as bases que seriam amplamente utilizada para o progresso da teoria da “higiene racial”. Os tais parasitas que Hitler faz menção eram os judeus. Onde esta a ciência nisso?  Em nenhum lugar. Hitler de fato acusava os judeus de serem os causadores da crise econômica que assolava a Alemanha e os mesmos deveriam se expurgados. A ciência que Hitler pregava era fruto de uma simbiose entre ideologia e ciência. E no limiar da ascensão de um dos maiores nomes da história, já estava difícil diferenciar o que era ciência e o que era ideologia, onde começava uma e terminava a outra.

Cientistas sobre a égida de Hitler

A medicina, um ramo da ciência, em especial aderiu muito bem a doutrina de limpeza dos “parasitas” judeus. Já em 1933, 44,8 % dos médicos alemães eram filiados ao partido nazista era, dizem os pesquisadores, a profissão de maior representatividade entre todas as profissões. Muito além de favoráveis a “higiene racial” os médicos eram também anti-semita. E quando em 1934 a lei de esterilização compulsória dos qualificados na época como doentes físicos e mentais foi promulgada, os médicos não hesitaram em implementá-la imediatamente.  O resultado foi à esterilização de mais de 350 mil pessoas à força entre os anos de 1934 e 1945. Resumindo era a ciência sendo utilizada como instrumento para concretização dos planos ideológicos de Hitler.

Uns podem ser culpados por se silenciarem outros ainda não tiveram dúvidas em aderir ao nazismo e ao ideário de “higiene racial”. As vésperas da Segunda Grande Guerra, em 1939, apenas os cientistas “mais fortes”, assim considerados pelo regime nazista, puderam ficar no país. Dentre eles segue abaixo alguns dos nomes que fizeram da ciência instrumento da máquina ideológica do nazismo e ao mesmo tempo conseguiram deixar um legado fundamental para a ciência de hoje:

Fritz Haber

Abril de 1915, Primeira Grande Guerra, planície de Ypres, na fronteira da Bélgica com a França. Soldados do exército francês se encontravam entrincheirados e estavam prontos a enfrentar um inimigo chamais enfrentado antes, impossível de vencê-lo. Alguns batem em retirada outros permanecem parados e estarrecidos sem saber o que fazer. Era o oponente mais mortal que enfrentavam o gás cloro.

Minutos antes da arma mortal em forma de nuvem esverdeada e amarelada varrer o ar e ceifar vidas a tropa Pionierkommando 36, batalhão formado por cientista vestindo uniformes militares e máscaras de gás abriram 730 cilindros, com cerca de 100 quilos cada de gás cloro. Essa tropa era liderada pelo Prêmio Nobel de Química Fritz Haber.

A nuvem de gás cloro demonstrou um poder devastador sobre as tropas inimigas, corroendo pulmões e causando cegueira. Quando então a nuvem letal se dissipou o saldo era de 10 mil mortos e 5 mil feridos. Nenhum comando alemão tinha conseguido tal sucesso em batalha.

O gás cloro permitiu que a Alemanha prolongasse a Primeira Grande Guerra. Mas a técnica de fixação de amônia a partir do nitrogênio do ar utilizada na criação explosivos por Haber, hoje permite que se produzam alimentos para bilhões de pessoas no desenvolvimento de fertilizantes.

Ironicamente Haber, que era um judeu, acabaria demitido pela Alemanha de Hitler e muitos de seus parentes acabariam mortos pelo mesmo gás que ele desenvolveu.

Max Karl Ernst Ludwig Planck

Max Planck pai da física quântica, foi também presidente da Kaiser Wilhelm Institute hoje Instituto Max Planck, foi até Hitler em 6 de maio de 1933. seu objetivo era evitar a demissão do amigo judeu Fritz Haber, o mesmo que comandara a primeira tropa de gás da história na Primeira Guerra. Bem recebido por Hitler, Planck argumentou que haveriam diversos tipos de judeus, alguns valiosos e outros inúteis para a Alemanha. O Führer lhe respondeu:  "Se a ciência não pode passar sem judeus, teremos de nos haver sem a ciência!"  e Haber acabou demitido, morrendo em 1934 de enfarto. Planck optou por permanecer na Alemanha, mesmo não concordando com a ideologia nazista. Todavia em meio ao clima que se seguiu, em 1937, deixou seu emprego e quando seu filho Erwin, em 1944, foi executado após se envolver em um plano frustrado para assassinato do Führer, já havia se mudado da Alemanha.

Max Planck descobriu a constante fundamental, batizada de Constante de Planck, usada para traçar cálculos da energia do fóton. Foi igualmente responsável pela descoberta da lei de radiação térmica, intitulada de Lei de Planck da Radiação, que lançaria as bases para a Teoria Quântica que surgiria anos depois com a colaboração de Niels Bohr e Albert Einstein.

Albert Einstein

"A conduta dos intelectuais alemães como grupo não foi melhor que a de uma ralé", afirmou Albert Einstein. Prêmio Nobel de Física em 1921, Einstein é responsável pelo desenvolvimento da Teoria da Relatividade. Seu trabalho teórico propiciou a utilização e o desenvolvimento da energia atômica.

Einstein era um judeu optou por sair da Alemanha em março de 1933, um mês antes da expulsão de todos os descendentes dos judeus do funcionalismo público alemão.

Julius Hallervorden

Hallervorden, em 1944, possuiu a maior coleção de cérebros humanos que qualquer outro colecionador excêntrico do planeta.  Hallervorden foi responsável por um projeto médico que diagnosticava a lebensunwertes leben, ou "vida indigna de viver". As pessoas, doentes mentais em sua grande maioria, que recebessem esse diagnóstico estavam condenados à morte por eutanásia.

"Escutem, colegas, já que vocês vão matar toda essa gente, pelo menos arranquem os cérebros deles", disse Hallervorden. E em 1944 ele contava com a coleção de 697 cérebros. Em meio a coleção seu favorito era de uma menina cuja mãe fora envenenada acidentalmente, durante a gravidez, por gás.

Foi graças à sua suntuosa coleção de cérebros que Hallervorden pode desenvolver uma série de estudos do ramo neurológico que favoreceram a medicina atual.

August Hirt

O médico da renomada Universidade de Estrasburgo, August Hirt, dava preferência a cabeças inteiras, corpos inteiros ao invés de somente cérebros. E essas cabeças tinham que ser necessariamente de judeus. Sua encomenda bizarra está devidamente documentada: 115 judeus que foram devidamente executados em junho de 1943 e enviados a Estrasburgo. Dois meses depois chegariam novos carregamentos com cerca de 80 corpos, eles seriam usados para estudos anatômicos para determinação da superioridade do povo ariano.

Os estudos promovidos pelo médico “carniceiro” August Hirt, contribuíram de forma incontestável para os estudos de anatomia humana e favoreceram direta e indiretamente a medicina atual.

Sigmund Rascher

"Sou, sem dúvida, o único que conhece por completo a fisiologia humana, porque faço experiências em homens e não em ratos". Era o que dizia com ar de orgulho Sigmund Rascher, responsável pelo campo de concentração de Dachau. Ali ele se utilizava de cobaias humanas vivas para seus experimentos.

Rascher era bem quisto e protegido por Heinrich Luitpold Himmler, outro entusiasta das pesquisas "científicas" a ponto de fazer dos terríveis experimentos em câmaras de baixa pressão, seu show de horrores particular, para os quais forneceu dezenas de prisioneiros em maio de 1941. Os resultados foram uma verdadeira carnificina: das cerca de 200 cobaias humanas que passaram pelas câmaras de pressão até maio de 1942, 80 morreram durante os testes. Outros ainda tiveram seu cérebro dissecado enquanto ainda estavam vivos para que o médico pudesse observar as bolhas de ar que se formavam nos vasos sanguíneos.

Rascher ainda fez experiências sobre hipotermia e descobriu que aquecendo o pescoço de uma vítima de naufrágio em águas geladas suas chances de sobrevivência aumentam significativamente. Foram graças a esses experimentos que os coletes salva-vidas de hoje em dia são desenhados para aquecer o pescoço.


Joseph Mengele

Joseph Mengele talvez tenha sido o “cientista” mais carniceiro de Hitler: seus experimentos custaram à vida de cerca de 400 mil pessoas em Auschwitz. Mengele injetou tinta azul em olhos de crianças, uniu as veias de gêmeos, jogou pessoas em caldeirões de água fervente, amputou membros de prisioneiros, dissecou anões vivos e coletou milhares de órgãos em seu laboratório. Após a Guerra, conseguiu escapar e viveu escondido no Brasil até sua morte, em 1979. Oficialmente, teria comprado sua fuga com anéis de casamento e dentes de ouro que retirava dos cadáveres judeus.



PESQUISAS

Tabagismo / câncer

Berlim, na década de 1940, foi a primeira cidade do mundo a adotar medidas anti-tabagismo, que serviram de base para as adotadas nos dias atuais. Na época os nazistas eram os únicos que detinha conhecimento cientifico necessário para implementá-las.

O fumo era proibido em todas as áreas públicas de Berlim, isso incluía escritórios públicos e privados e salas de espera. Se pego fumando em um dos vagões de trem para não-fumantes a pessoa seria multada.

O fato é que os nazistas foram pioneiros nos estudos estatísticos que comprovaram a relação intrínseca entre o hábito de fumar e o câncer de pulmões, é o que nos mostra Robert Proctor, historiador da ciência e professor da Universidade Stanford, nos EUA, e autor de The Nazi War on Cancer ("A Guerra Nazista contra o Câncer", sem tradução em português).

É até uma ironia pensar que a origem de uma das maiores descobertas médicas do século 20 esteja relacionada a um efeito psicológico da doutrina de higiene racial. A esse efeito Proctor chamou de paranóia homeopática. "Os nazistas tinham pavor de agentes minúsculos que poderiam corromper o corpo alemão. Eram obcecados por ar limpo, comida natural e um estilo de vida saudável." Foi o que direta e indiretamente contribuísse para que os nazistas desenvolvessem pesquisas criteriosas sobre o câncer. "O mesmo fanatismo que nos deu Mengele também nos deu a preciosa pesquisa antitabagista. A verdade é que a política científica nazista foi muito mais complexa que a maioria das pessoas imagina",  nos diz Proctor.

Frio


O médico John Hayward, da Universidade de Victoria, no Canadá, que estuda os efeitos do frio no corpo humano a fim de salvar vidas não viu outra saída a não ser utilizar os dados das pesquisas nazistas. Criticado ele se defende: “Eu não queria ter de usar os dados nazistas. Mas não existem outras opções para a minha pesquisa. Nem nunca existirão num mundo ético".

 Fosfogênio

Outro caso polêmico envolveu a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) na regulamentação da utilização do fosgnio, também chamado fosfogênio, é um gás tóxico e corrosivo de fórmula COCl2. O fosgênio é muito utilizado hoje na fabricação de plásticos e pesticidas e em 1989, os especialistas da (EPA) foram chamados a definir regras para a utilização do fosgênio. Como os únicos estudos conhecidos, detalhados e minuciosos sobre os efeitos do fosgênio em seres humanos haviam sido produzidos em experiências nazistas durante a Segunda Guerra. A EPA então decidiu por utilizar os dados nazistas ao por em risco vidas de americanos.

Química

As pesquisas químicas alemãs eram pioneiras: O país inventou a aspirina e a novocaína (anestesia usada por dentistas) e desenvolveu fertilizantes, corantes e microscópios muito mais baratos e eficientes. Foi um dos setores que mais se envolveram com o nazismo - a ponto de o maior conglomerado farmacêutico do mundo na época instalar uma fábrica dentro do campo de concentração de Auschwitz. Posteriormente esse mesmo conglomerado farmacêutico formariam as empresas Basf, Bayer e Hoechst.

Matemática

Os nazistas associaram o raciocínio matemático abstrato ao judaísmo, o que é um erro, mas assim o substituíram pela chamada “verdade empírica concreta” ou “intuição nórdica”.

Biologia

Os biólogos alemães desenvolveram pesquisas pioneiras no campo da genética, o que faz com que até hoje o campo seja visto com reservas naquele país. De 1933 e 1938, o financiamento para pesquisas aumentou em 10 vezes. Biólogos trabalhavam com relativa tranqüilidade - apenas 14% deles foram perseguidos.

Física

A mecânica quântica e a relatividade talvez tenha sido as idéias mais revolucionárias da física alemã. Todavia, 25% do total de físicos deixaram o país, entre eles 6 vencedores de prêmios Nobel. Semdo, portanto, um dos ramos da ciência mais prejudicada com a ascensão do nazismo.

Anatomia

Para muitos especialistas em anatomia o Atlas Pernkopf, produzido com base na dissecação de corpos de 1377 prisioneiros, é o melhor trabalho ilustrado sobre anatomia humana já realizado na história. Para outros é um livro controverso e póstumo que ao lado de suásticas trás a seguinte frase: "feliz conjunção de ilustradores brilhantes e corpos de criminosos executados"




Ezoteria “ciências” místicas

Nigel Pennick, em “As ciências secretas de Hitler”, mostra que o nazismo foi um fenômeno que exterminou milhões de pessoas com base em uma tentativa mágica de alterar o mundo. Seus atos de guerra e genocídio fazia na verdade parte de um ritual de preparação do mundo para uma raça superior de humanos dotados e esplendidos poderes psíquicos, trata-se de super-homens. Pennick demonstra como os princípios ocultos do conhecimento esotérico serviu de criação para uma das mais violentas doutrinas políticas da história. Demonstra ainda que as raízes do ocultismo nazista está escondida nas tradições esotéricas da chamada “ciência fronteiriça”, teosofia (um corpo de conhecimento que sintetiza Filosofia, Religião e Ciência) e nacionalismo místico.

Segundo o autor a Ahnenerbe, uma organização voltada para a preservação das antigas sociedades ocultas alemãs e o estudo das tradições mágicas, era quem patrocinava os estudos em cosmologia não-ortodoxa, crenças pagãs, habdomancia, geomancia e astronomia. O objetivo final era utilizar esse conhecimento para viabilizar a expansão do Terceiro Reich.

CONCLUSÃO

Há um dilema que envolve ética, humanidade confrontados com a luz da ciência. Michael Kater, uma das maiores autoridades em ciência alemã nazista diz: "Os dados são péssimos. Não havia livros de controle, métodos estatísticos nem repetição de experimentos em condições similares. Eles não têm uso nenhum para a ciência".

Robert Lifton, entrevistou os doutores nazistas, e diz também ter razões para duvidar da validade das experiências. "Os médicos nazistas usavam como assistentes prisioneiros do campo, gente muito mais preocupada com a própria sobrevivência do que com a acuidade das pesquisas", diz. "Mas qualquer dado que sirva para poupar sofrimento humano deve ser usado." Ambos, no entanto, defendem a utilização das pesquisas nazista pela ciência.

Alguns dizem ainda que a utilização e a exposição de tantos atos desumanos cometidos deixa a impressão de que, em pleno século 21, o nazismo arrastou a ciência para o arcabouço da idade das trevas. Essa visão esta sendo recentemente mudadas a luz de novas pesquisas historiográficas . Novos estudos revelam uma realidade muito mais complexa escondia nos porões, nos campos de concentração e nas salas de pesquisas, atrocidades e absurdos científicos do nazismo.

Concordamos então em chamar as pesquisas de Hitler de pseudociência.  Mas, se aquilo não era ciência então que essas pesquisas sejam agora, uma vez o mundo tendo superado as atrocidades nazista, utilizadas pela ciência para um bem muito maior. E para que milhões de vidas não tenham sido ceifadas em vão.

Bibliografias relacionadas e consultadas


CORNWELL, John. Os Cientistas de Hitler. Editora Imago, 2003.

LIFTON, Robert Jay. The Nazi Doctors. Basic Books, EUA, 2000.


MÜLLER-HILL, Benno. Murderous Science. Cold Spring Harbor Lab Press, EUA, 1988.

PENNICK, Nigel. As ciências secretas de Hitler. H & E Vol. 01.  1981

SPITZ, Vivien. Doctors from Hell. Sentient Publications, EUA, 2005.

PROCTOR, Robert N. The Nazi War on Cancer. Princeton University Press, EUA, 2000.

Site do United States Holocaust Memorial Museum (Museu Memorial do Holocausto dos EUA) www.ushmm.org

Super Interessante. Doutores da Agonia. Disponível em: http://super.abril.com.br/superarquivo/2006/conteudo_127934.shtml#top. Acesso em 8 de janeiro de 2011.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Escola e Democracia: um olhar sobre a obra de Demerval Saviani


O objetivo de Dermeval Saviani, na obra Escola e Democracia, é o de expor a situação educacional e sua intrínseca relação com a sociedade ao longo da história. O foco central do livro é a questão da democracia e a educação no Brasil, as teorias de caráter pedagógico e seus resultados.
O texto é de fácil leitura e bem elucidador, sendo ele dividido em quatro partes: uma primeira parte que trata das teorias educacionais; uma segunda parte (capítulo referente à Escola e Democracia I) que aborda a Teoria da Curvatura da Vara; a terceira parte (capítulo referente à Escola e Democracia II) que faz uma abordagem problematizando a Teoria da Curvatura da Vara; e a quarta parte Saviani guarda para a elaboração de onze teses a respeito da educação e política.
No início da obra Saviani divide as teorias pedagógicas em não-criticas e as crítico-reprodutivistas. Para a teoria não-critica Saviani coloca em questão a pedagogia tradicional, onde a figura central das escolas é o professor, transmissor do conhecimento aos alunos; e aos alunos resta apenas receber e assimilar os conhecimentos transmitidos. A pedagogia nova também faz parte das não-críticas, é aquela em que o:
“[...] professor agiria como um estimulador e orientador de aprendizagem cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos. Tal aprendizagem seria uma decorrência espontânea do ambiente estimulante e da relação viva que se estabeleceria entre os alunos e entre estes e o professor" (SAVIANI, 2000, p. 13)
Por fim, também dentro da ótica de Saviani como pedagogia não-critica, estaria a pedagogia tecnicista, o professor e aluno por essa visão ocupam uma posição secundária e o ponto principal é a organização racional dos meios.
Para as teorias crítico-reprodutivistas, que tem como objetivo somente explicar o mecanismo de funcionamento das escolas do modo como está constituída, Saviani coloca: a Teoria do Sistema de Ensino Enquanto Violência Simbólica, uma educação funcional: reproduzir a desigualdade social. A Teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado, seria a perpetuação da exploração segundo a ótica do sistema capitalista. Por fim a Teoria da Escola Dualista seria a escola contribuindo para a formação da força de trabalho inserido na ideologia burguesa. Saviani encerra este capítulo colocando sugestões de como se poderia fomentar uma teoria, de fato, crítica para a educação que seria a teoria que não se deixa ser expropriada pelos interesses dos dominantes.
Nos dois capítulos seguintes, intitulados Escola e Democracia I e II, o autor delineia seu raciocínio em três pontos fundamentais: a tese filosófica-histórica; a Filosófica-metodológica; e por fim a teses Política. Toda essa analise é feita com base na teoria da Curvatura da Vara, enunciada por Lênin ao ser criticado por assumir posições extremistas e radicais:
"[...] quando a vara está torta, ela fica curva de um lado e se você quiser endireitá-la, não basta colocá-la na posição correta. Ê preciso curvá-la para o lado oposto". (SAVIANI, 2000, p. 40)

Na primeira, filosófica-histórica, Saviani esboça como que, historicamente, a classe burguesa levantava a bandeira da educação para todos com o objetivo de transformar o que era servo em cidadão. Defendia-se a pedagogia da essência baseado no pensamento de Rousseau, que dizia “o homem é bom a sociedade que o corrompe”.  O verdadeiro discurso estava pautado na ideologia de que servos educados e inseridos em uma política democrática escolheriam representantes, considerados pela burguesia como, ideais. Todavia, nem sempre eram a melhor escolha para os servos. Assim, a burguesia passou a defender a chamada pedagogia da existência que, então, legitimaria a desigualdade.
Na segunda tese, filosófica-metodológica, Saviani ataca a Escola Nova do que diz respeito a dissolução da diferença entre o ensino e a pesquisa, que de alguma forma influiu para o empobrecimento do ensino propriamente dito.
Na terceira tese, Política, que segundo o autor é resultante da junção das duas primeira, “[...]aquela conclusão segundo o qual quando mais se falou em democracia no interior da escola, [...]”(SAVIANI, 2000, p. 59). Saviani basicamente argumenta sobre a falta de democracia no seio da Escola Nova.
E por fim, no último capítulo, Saviani elabora 11 teses sobre educação e política; distingui as duas partes, as relaciona e consegue nos mostrar que embora política e educação possuem conceitos diferentes, uma não existe sem a outra. Existindo, portanto, uma relação de dependência entre ambas.
A pensarmos sobre a Teoria da Curvatura da Vara
Agora presto-me a analisar especificamente o capítulo que trata a Teoria da Curvatura da Vara de Lênin. Nele Saviani quer tentar um ajuste na educação desse modo: “quando a vara está torta, ela fica curva de um lado e se você quiser endireitá-la, não basta colocá-la na posição correta. É preciso curvá-la para o lado oposto”. Assim, Saviani nos diz que quanto mais se falou de democracia nas escolas, menos democrática foi essa mesma escola e, por incrível que possa parecer, quanto menos se falou em democracia na escola, mais ela esteve engajada com a construção de uma ordem democrática.
A pedagogia nova, baseada na filosofia existencialista, substituiu a pedagogia tradicional que estava pautada na filosofia essencialista. Foi uma imposição da burguesia para sobreviver, a existência superando a essência.
Saviani, então, puxa a vara para o lado oposto, com o objetivo de trazê-la para o centro, que não é nem a escola tradicional nem a escola nova. Contudo, a vara parece viciar na nova posição e, portanto, terá que ser feito ajustes para que venha ao centro.
Nessa perspectiva Saviani quer dar um abalo na máquina política educacional, balançando, a meu ver, as Curvaturas das Varas em busca do equilíbrio dito ideal para nosso autor.


BIBLIOGRAFIA

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 33. ed. rev. - Campinas: Autores Associados, 2000. 94 p.